A Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD) é uma organização global criada para desenvolver recomendações sobre divulgações climáticas que empresas e instituições financeiras possam usar para informar melhor investidores, acionistas e o público sobre os riscos financeiros relacionados ao clima.
O objetivo dessas divulgações é trazer transparência aos riscos climáticos enfrentados pelas empresas. Divulgar amplamente os riscos financeiros relacionados ao clima permite decisões mais bem fundamentadas sobre investimentos, crédito e seguros, além de ajudar na transição para uma economia mais sustentável e de baixo carbono.
O Financial Stability Board (FSB), com sede na Suíça, criou a TCFD em 2015. Em 2017, a TCFD publicou um “Relatório Final” com 11 recomendações voluntárias, que ficaram conhecidas como o framework da TCFD. Desde então, relatórios anuais têm orientado a implementação dessas recomendações e acompanhado sua adoção global.
Até novembro de 2022, mais de 4.000 organizações em 101 jurisdições haviam aderido à TCFD, representando um valor de mercado conjunto de 27 trilhões de dólares. Entre 2017 e 2021, o número de empresas que divulgam informações alinhadas à TCFD cresceu 26%.
Embora as recomendações do TCFD tenham começado como diretrizes voluntárias de divulgação, elas estão se tornando rapidamente parte do framework regulatório obrigatório em diversas jurisdições, incluindo a União Europeia, Singapura, Canadá, Japão e África do Sul.
A Nova Zelândia e Reino Unido estabeleceram a obrigatoriedade de divulgar riscos climáticos conforme o framework da TCFD, com prazos até 2023 e 2025, respectivamente. Em março de 2022, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) apresentou um projeto de lei sobre divulgação de riscos climáticos que incorpora pontos-chave do framework da TCFD.
O framework do TCFD divide os riscos relacionados ao clima de uma empresa em duas categorias principais.
Os riscos físicos estão ligados aos impactos físicos das mudanças climáticas. Alguns são agudos, causados por eventos climáticos extremos como furacões, enchentes, incêndios florestais ou secas. Outros são crônicos, resultantes de mudanças prolongadas no clima, como aumento contínuo da temperatura, elevação do nível do mar e ondas de calor mais longas e frequentes. Esses riscos físicos podem gerar impactos financeiros severos se afetarem operações, transporte, cadeia de suprimentos ou a segurança de funcionários e clientes.
Os riscos de transição são inerentes à mudança para uma economia de baixo carbono. Eles incluem riscos ligados à evolução de políticas climáticas, regulamentações e exigências de divulgação sobre temas como emissões de gases de efeito estufa (GEE), iniciativas de neutralidade de emissão de carbono, impostos sobre carbono, custos de energia e combustíveis e políticas energéticas nacionais ou globais. Esses riscos de transição podem gerar impactos financeiros diretos e contínuos e afetar a reputação da organização.
“ Os riscos climáticos também são riscos financeiros, e mais mensuração e transparência são essenciais para construir uma economia mais sustentável, resiliente e um futuro mais seguro. ”
Michael R. Bloomberg
Presidente da força-tarefa
Fundador da Bloomberg L.P. e Bloomberg Philanthropies.
As recomendações da TCFD não são obrigatórias. Elas funcionam como orientações para que as empresas incluam, em seus relatórios financeiros, documentos oficiais, relatórios de sustentabilidade e anuais, os riscos, as oportunidades e os possíveis impactos financeiros decorrentes das mudanças climáticas.
Essas recomendações se aplicam amplamente a organizações de todas as jurisdições e setores, incluindo bancos, seguradoras, empresas de gestão de ativos e outras entidades do setor financeiro. As instituições financeiras também têm a responsabilidade de divulgar não apenas seus próprios riscos climáticos, mas também os riscos das empresas nas quais investem.
As recomendações do TCFD são organizadas em torno de quatro (4) temas ou áreas para divulgação e sete (7) princípios para divulgação efetiva. Os quatro temas são:
Governança: a empresa deve divulgar a supervisão do conselho e o papel do gerenciamento na avaliação e gerenciamento dos riscos e oportunidades relacionados ao clima.
Estratégia: a empresa deve divulgar seus riscos e oportunidades relacionados ao clima (no curto, médio e longo prazo) e os possíveis impactos sobre seus negócios, estratégias, planejamento financeiro e governança corporativa. Também deve descrever sua resiliência diante de diferentes cenários climáticos, como uma análise de cenário climático de 2 °C ou menos.
Gerenciamento de riscos: a empresa deve divulgar seus processos para identificar, avaliar e gerenciar riscos climáticos e como esses processos são integrados aos seus processos e estratégia de gerenciamento de riscos gerais.
Métricas e metas: a empresa deve divulgar as métricas e metas que usa para medir o sucesso no enfrentamento dos riscos climáticos e no aproveitamento das oportunidades. Também deve apresentar seu plano de transição, com as ações e atividades que permitirão atingir a neutralidade nas emissões de carbono até 2050. Isso inclui a divulgação das métricas e metas relativas às três categorias de emissões de GEE, ou escopos:
A metodologia do Greenhouse Gas Protocol é o padrão mais adotado para calcular as emissões de GEE. As emissões dos Escopos 1 e 2 costumam ser mais fáceis de calcular, pois as informações necessárias estão prontamente disponíveis para a empresa que faz o relatório. Já as emissões do Escopo 3 são mais difíceis de calcular, pois envolvem terceiros (como parceiros da cadeia de suprimentos ou participações societárias) sobre os quais a empresa tem pouca visibilidade ou controle.
Os princípios para divulgação eficaz, projetados com o propósito de auxiliar as organizações a realizar as divulgações financeiras relacionadas ao clima mais transparentes e consistentes possíveis, estas diretrizes incluem:
A divulgação ESG (ambiental, social e governança) se tornou essencial para as organizações, à medida que os mercados financeiros passam a priorizar investimentos sustentáveis. Os investidores buscam avaliar com atenção os riscos e oportunidades relacionados ao ESG e direcionar capital para empresas transparentes quanto às suas metas e desempenho em sustentabilidade.
As recomendações da TCFD oferecem um framework reconhecido globalmente para que as organizações divulguem seus riscos, oportunidades e impactos financeiros relacionados ao clima. Embora pareça focar apenas nos riscos climáticos, as divulgações recomendadas pela TCFD abrangem os três pilares do ESG: ambiental, social e governança.
As divulgações alinhadas à TCFD oferecem aos investidores uma visão consistente e comparável dos impactos financeiros das mudanças climáticas e de outros aspectos relevantes do ESG. Isso inclui a governança da organização sobre riscos climáticos e seus processos de avaliação e gerenciamento de riscos. As organizações podem se beneficiar ao adotar as recomendações e princípios do framework da TCFD.
O International Sustainability Standards Board (ISSB) foi formado em 2021 para desenvolver padrões globais para divulgações relacionadas à sustentabilidade que ajudariam investidores e possíveis stakeholders na tomada de decisões sábias sobre alocação de capital.
O ISSB busca consolidar e aprimorar diretrizes internacionais de relatórios já existentes, como a TCFD. Isso permite que as empresas alinhem suas divulgações a um framework de relatórios global em vez de acompanharem múltiplas diretrizes de relatório.
O ISSB, por exemplo, anunciou recentemente que as empresas devem usar análises de cenários climáticos para identificar riscos e oportunidades relacionados ao clima e relatar sua resiliência climática. Embora utilize as orientações da TCFD como base, o ISSB também fornecerá orientações mais específicas sobre quais cenários climáticos a entidade deve usar, considerando seu setor e jurisdição.
A TCFD incentiva as organizações a conhecerem melhor seu framework e suas recomendações de divulgação, incluindo seu relatório de status mais recente. O site da TCFD também reúne recursos como estudos de caso, relatórios, cenários, vídeos explicativos e muito mais.