Redefinindo a transparência de benchmarks sensíveis a crédito. Aumentando a confiança do mercado

O valor nominal de títulos vinculados ao USD London Interbank Offered Rate (LIBOR) atingiu seu pico em 2012, quando chegou à marca de 200 trilhões de dólares. No entanto, o escândalo de manipulação do LIBOR desencadeou uma reformulação global dos mecanismos de definição de taxas durante a década de 2010.
 
Essa reformulação levou à introdução do Secured Overnight Financing Rate (SOFR), uma taxa sem risco que substituiu amplamente o USD LIBOR em 2021. O SOFR foi desenvolvido em conformidade com os princípios para benchmarks financeiras da International Organization of Securities Commissions (IOSCO), resultando em uma transição bem-sucedida.
 
No entanto, um desafio persistiu: a ausência de um componente de spread de crédito, que era essencial no benchmark do LIBOR. Como resultado, duas alternativas sensíveis a crédito foram desenvolvidas: o American Interbank Offered Rate (Ameribor) e o Bloomberg Short-term Banking Yield Index (BSBY). Apesar do sucesso inicial, a IOSCO determinou que nenhum desses benchmarks estava em conformidade com seus princípios, e o BSBY está sendo descontinuado.
 
No mundo pós-LIBOR, as instituições financeiras buscaram um benchmark confiável e robusto que pudesse considerar os riscos de crédito associados ao financiamento de dívidas bancárias sem garantia. Diante dessa necessidade, a SOFR Academy, em colaboração com um administrador de índices de benchmarks, buscou criar dois índices complementares Across-the-Curve Credit Spread Index (AXI) e Financial Conditions Credit Spread Index (FXI) que funcionariam como complementos sensíveis ao crédito para o SOFR.
 
Para ganhar confiança do mercado e conformidade regulatória, a SOFR Academy precisava de uma revisão independente que pudesse avaliar a conformidade dos referenciais com os princípios da IOSCO. Em particular, eles precisavam cumprir os Princípios 6 (design de benchmark), 7 (suficiência de dados) e 9 (transparência das determinações) da IOSCO. O Ameribor e o BSBY não atenderam a esses princípios, o que levou, em última análise, ao seu fracasso. E, caso a SOFR Academy não cumprisse esses princípios no que diz respeito à substância de um índice, provavelmente seria necessário alterar a metodologia do índice em vez de sua governança.
 
É aqui que entram os especialistas da IBM® Promontory.

A SOFR Academy trabalhou com a IBM Promontory para realizar uma avaliação detalhada da aderência do AXI e do FXI aos princípios da IOSCO. Durante essa análise, foram feitas cinco recomendações críticas para melhorar os benchmarks:

1. Mecanismos de fallback claros.

A Promontory identificou que, embora o AXI e o FXI tivessem provisões para problemas técnicos de curto prazo, faltava um mecanismo de fallback claramente definido para períodos prolongados de indisponibilidade de dados ou baixos volumes de transações. Em resposta, A SOFR Academy introduziu metodologias de fallback nos frameworks do AXI e do FXI, garantindo a confiabilidade dos índices mesmo durante períodos de disrupção no mercado.

Por exemplo, se os dados estivessem indisponíveis ou abaixo de limites por períodos prolongados, o AXI passaria a utilizar o FXI menos a mediana histórica de cinco anos da diferença entre AXI e FXI.

2. Transparência aprimorada no cálculo de benchmark.

Para alinhar ainda mais com o princípio 9 (transparência nas determinações), a Promontory recomendou melhorias na transparência da abordagem de ponderação dos dados de transação. Então, a SOFR Academy introduziu explicações detalhadas nos documentos de metodologia, definindo explicitamente como os volumes de transação e os vencimentos são utilizados para calcular taxas não escaladas e maturidade média. Isso permitiu que os participantes do mercado tivessem insights claros de como as taxas diárias de referência são determinadas.

3. Introdução de um framework de monitoramento para condições de mercado

A análise da Promontory também identificou possíveis distorções de mercado caso os benchmarks começassem a ser amplamente referenciados em contratos financeiros. Para lidar com isso, SOFR Academy implementou um framework de monitoramento para acompanhar os volumes de negociação e evitar o problema da "pirâmide invertida", onde os volumes de negociação de produtos vinculados ao índice poderiam superar significativamente as transações que informam o próprio benchmark. Esse mecanismo de governança proativa ajudou o AXI e o FXI a permanecerem representativos das condições de mercado.

4. Metodologia detalhada para limites de volume

A Promontory observou que, embora os limites de volume fossem parte do AXI e do FXI, eles não estavam claramente definidos na metodologia. A SOFR Academy respondeu delineando limites específicos de volume de transação abaixo dos quais novas taxas diárias não seriam publicadas. Isso garantiu que o AXI e o FXI mantivessem precisão e integridade, evitando distorções causadas por dados insuficientes.

5. Revisão e adaptação contínuas.

A SOFR Academy e seu administrador de benchmarks introduziram um processo de revisão anual para monitorar continuamente os benchmarks, garantindo sua relevância e alinhamento com as condições de mercado e os requisitos regulatórios. Isso permitiu que o AXI e o FXI se adaptassem à medida que os mercados financeiros evoluem, mantendo conformidade e funcionalidade.

Após essas melhorias, a Promontory concluiu que o AXI e o FXI implementaram integralmente os princípios 6, 7 e 9 da IOSCO, relacionados à robustez, transparência e confiabilidade. Os índices AXI e FXI atenderam com confiança à demanda do mercado por uma taxa sensível ao crédito que complementa a SOFR.