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A importância da infraestrutura para a transformação digital

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A popularidade do modelo de computação em nuvem cresceu exponencialmente nos últimos anos, trazendo consigo um movimento de transformação sem precedentes na indústria de tecnologia. Ela deixou de ser apenas um caminho para a modernização e passou a ser um componente indispensável na estratégia das empresas. A importância da nuvem para a transformação digital é clara: ela traz agilidade, flexibilidade e eficiência, além da acessibilidade que permite um provisionamento dinâmico de recursos, adaptável e escalável – para as necessidades de cada empresa que a consome. Com essas características, a nuvem se tornou o local de preferência para hospedar aplicações modernas, que herdarão os benefícios que a computação em nuvem proporciona.

Especialmente para novas empresas, esse é um modelo de consumo de tecnologia extremamente atrativo. É possível provisionar um ambiente para a operação da sua companhia sem qualquer investimento inicial em infraestrutura própria, consumindo recursos em um formato de aluguel flexível e adaptável de maneira dinâmica para as necessidades e realidades do negócio. Para essas empresas, todo o ambiente de tecnologia nasce e cresce na nuvem, e as aplicações ali desenvolvidas, por padrão e quando bem planejadas, terão as características de portabilidade e flexibilidade necessárias. No entanto, para muitas outras empresas que já possuem um grande parque tecnológico que há décadas suporta os seus processos de negócio, a infraestrutura tradicional existe e sempre irá existir – por trás das plataformas de nuvem também há uma infraestrutura física mantida pelo provedor da nuvem, em que apenas sua utilização é alugada para os clientes.

Para as empresas que não nasceram na nuvem mas buscam tirar todo proveito dela, há uma enorme tarefa de movimentar seu negócio para esse modelo de processamento. Tal modernização pode ser feita usando diversas abordagens e, na grande maioria dos casos, a infraestrutura existente precisa ser considerada. É possível notar que muitas empresas optam por um modelo mais disruptivo e agressivo de movimentação para a nuvem: transportar o que pode ser transportado e reescrever o que não é compatível com esse novo modelo. Cada empresa possui sua própria estratégia e visão do que a nuvem representa para seu negócio, mas um cuidado adicional é necessário quando temos uma infraestrutura existente e, nesses casos, o movimento precisa ser elegante como a própria plataforma em nuvem, com flexibilidade, portabilidade, adaptabilidade e principalmente integração.

Aplicações críticas de diversas indústrias globais ainda são suportadas majoritariamente pela infraestrutura física tradicional, gerenciada e mantida pela própria empresa. Esse modelo traz um leque diferente de benefícios, especialmente no controle e governança centralizada do ambiente. Por exemplo, os mainframes suportam 92 dos 100 maiores bancos há mais de 50 anos e são responsáveis por processar a maioria absoluta de todas as transações de crédito no mundo. Mesmo fazendo parte da chamada “infraestrutura tradicional”, essa plataforma está fortemente relacionada à computação em nuvem. Os mainframes nada mais são do que servidores de alto desempenho responsáveis por muitas aplicações críticas, especialmente de bancos, seguradoras e grupos de varejo.

Suportando ambientes Linux há mais de 20 anos, os mainframes estão muito mais próximos do mundo moderno do que a grande maioria das pessoas que trabalham com tecnologia da informação imaginam. O conceito de virtualização nasceu nessa plataforma, e é possível traçar paralelos com diversos aspectos da computação em nuvem, como microsserviços e o provisionamento dinâmico de recursos.

A grande diferença é que o mainframe centraliza todos esses recursos em um único servidor, funcionando como uma “cloud-in-a-box” dentro do mesmo hardware. Nessa “cloud-in-a-box” é possível criar milhares de máquinas virtuais isoladas e independentes, possibilitando também uma mistura de sistemas tradicionais e abertos, provisionar dinamicamente recursos para esses sistemas, da mesma forma que é feito em um ambiente nativo da nuvem, e realizar a integração na mesma esteira de DevOps do restante da companhia. Para eliminar a preocupação de todos esses ambientes residirem na mesma caixa, é possível criar clusters e distribuir a carga de trabalho entre vários servidores mainframe em localidades diferentes, uma arquitetura que consegue atingir até 99,99999% de disponibilidade – traduzindo em menos de 5 segundos de indisponibilidades não planejadas no ano, em diferentes zonas e regiões.

É evidente que cada um desses modelos de computação, tanto em nuvem como em infraestrutura tradicional, possui seu conjunto único de benefícios e propósitos para o negócio. A pergunta que muitas empresas fazem, quando confrontadas com os desafios da transformação digital, é disruptiva: “Como migrar a minha infraestrutura física para a nuvem?”. Tal abordagem implica a adoção de um modelo partindo da exclusão de outro, e esse movimento pode ser diferente – é possível obter o melhor dos dois mundos. A pergunta a ser feita, então, passa a ser: “Como integrar a minha infraestrutura física com a nuvem?”. Esse movimento não somente é possível como resulta no modelo de nuvem híbrida, que traz a maior gama de benefícios para o negócio, unindo a robustez e resiliência de uma infraestrutura tradicional com a agilidade e flexibilidade da computação em nuvem.

Com um modelo de nuvem híbrida, é possível de fato aproveitar as melhores características de cada formato de processamento, inclusive permitindo a convivência de diferentes arquiteturas de aplicações que precisam da robustez da infraestrutura dos mainframes enquanto se transformam para arquiteturas mais modernas, como as baseadas em microsserviços, revisitando as necessidades de disponibilidade e segurança requeridas. Nesse mesmo servidor, é possível provisionar diversos ambientes Linux para aplicações modernas que, porventura, precisarem acessar os dados das aplicações tradicionais. Ainda nesse mesmo hardware é possível provisionar uma plataforma de orquestração de contêineres, como a plataforma OpenShift, para facilitar a comunicação entre as aplicações que trocam informações com esses sistemas tradicionais com baixíssima latência, tirando todo o proveito de ferramentas de automação, como as da plataforma Ansible.

O mainframe pode se integrar de forma transparente com a esteira de DevOps da empresa, podendo ser parte, por exemplo, de um cluster OpenShift que está espalhado por nuvens públicas e privadas, ou dentro do próprio mainframe. Com relação ao modelo de desenvolvimento CI/CD – Continuous Integration / Continuous Delivery, ferramentas como o UrbanCode unificam a automação tanto para ambientes mainframe como para ambientes distribuídos. Com o UrbanCode, por exemplo, é possível realizar a integração com o Jenkins e seus pipelines para trazer uma experiência única aos desenvolvedores, sem distinção da plataforma física.  Isso traz agilidade para realizar o deploy de correções ou novas aplicações e eventualmente permitirá que essas aplicações sejam implementadas ou utilizadas dentro ou fora do mainframe, de acordo com a estratégia daquele momento. Outras ferramentas também podem aumentar a agilidade do desenvolvimento de software para ambientes mainframe, uma vez que o UrbanCode pode se integrar com repositórios Git, ferramentas de gestão como o Jira, podendo até interagir diretamente com recursos Kubernetes.

Uma vez que o mainframe também possui suporte a Kubernetes, Docker e OpenShift, a automação e integração no desenvolvimento de software passa a ser um componente fundamental de uma estratégia de modernização tecnológica. Com o foco em um modelo de nuvem híbrida, é possível aproveitar a infraestrutura física existente e integrá-la com as tecnologias abertas de desenvolvimento, teste e automação. Dessa forma, é possível que os profissionais de software trabalhem com ferramentas modernas, contêineres e microsserviços de forma completamente transparente, sem precisar de qualquer conhecimento específico da plataforma, em um modelo de desenvolvimento moderno, integrado e contínuo. As infraestruturas suportando tudo isso têm características diferentes, mas todo o restante permanece igual para os desenvolvedores.

Com tudo isso em mente, temos visto, cada vez com mais frequência, empresas considerando a infraestrutura tradicional como parte de sua jornada da transformação digital e suas estratégias de transformação, não descartando ativos de software relevantes que foram criados ao longo de décadas.

A perspectiva de maximizar os investimentos já realizados em ambientes físicos se torna ainda mais interessante quando se percebe que é possível integrar esse mundo com a computação em nuvem para, de fato, obter um ambiente seguro e robusto como os mainframes, com a flexibilidade e agilidade da computação em nuvem. Se é possível rodar Linux, contêineres e OpenShift no mainframe, por que não trazer essa plataforma para perto das estratégias de modernização e computação em nuvem? Se é possível automatizar e integrar o mainframe à esteira de DevOps usando ferramentas como Ansible, Git, Jira e Jenkins, por que não considerar sua inclusão na transformação digital?

Esse modelo híbrido possibilita uma otimização de recursos e um melhor aproveitamento de toda infraestrutura já existente, reduzindo, assim, o custo total associado a um movimento agressivo e disruptivo para a nuvem, essencialmente transformando seu ambiente em uma mistura poderosa de robustez e agilidade.

Mainframe Solution Architect

Fabio Marras

Chief Technology Officer - Platform Modernization - Latin America

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