Este é o último post da série de opiniões pessoais sobre Open Source. E o tema que quero chamar atenção é inovação. No meu entender Open Source incentiva inovação e é um aspecto que nem sempre vejo comentado nas palestras sobre o assunto. O livre acesso ao código fonte é por si uma fonte de novas idéias. A razão é simples: software é uma tecnologia cumulativa, isto é, envolve inovação incremental e integração de várias invenções, algoritmos e técnicas. Com acesso ao fonte, podemos imaginar novas utilizações e mesmo criar novos algoritmos. E, claro, respeitando, as regras de licenciamento que estejam em vigor para o código fonte acessado.
Existe uma relação direta entre maior uso de software e aumento de produtividade empresarial e econômica. Assim, um maior incentivo à produção de software, através de modelos Open Source, que baixam tremendamente as barreiras de entrada (modelo colaborativo), aumentam as condições para criação de maior conhecimento e consequente maior produtividade em todos os setores da economia. E mais inovação implica em maior crescimento econômico.
Há pouco li um relatório que apontava que open source causaria prejuízos à industria de software. Ora em um regime capitalista o dinheiro não some, ele se desloca de um ponto a outro do ecossistema. Talvez algumas empesas de software cujo modelo de negócios seja exclusivamente baseada em vendas de licenças saia perdendo, mas o software em si não. Vejam a tradicional industria da música centrada nas grandes gravadoras. Ela está em crise, mas não a música, que está em plena efervescência cultural.
Ora, a chamada indústria de software representa apenas uma pequena parcela do total de software desenvolvido no mundo. Algumas estimativas apontam que 80% a 90% do valor do código gerado todo ano é feito por empresas (ou a seu pedido), para seu próprio uso, não estando inserida na economia da chamada indústria de software proprietário. Ora, adotar modelos colaborativos para estes softwares desenvolvidos internamente é um meio de acelerar a produtividade e o crescimento econômico das empresas.
Mesmo softwares desenvolvidos sob medida podem ser desenvolvidos por modelos colaborativos baseados em Open Source, seja por consórcios ou por grupos de empresas provedoras.
E quanto ao chamado software proprietário, aquele cujas licenças são comercializadas? Entendo que os modelos Open Source e Proprietários não sejam exclusivos e antagônicos. Existe espaço para ambos o modelos e acredito que muitas vezes mix destes modelos serão adotados pelo mercado. A razão é simples: existem conhecimentos específicos em um software (lembrem-se, software é conhecimento!) pelos quais o mercado reconhece valor e está disposto a pagar por este conhecimento. Estes são os softwares que serão comercializados, seja por licença seja como Soft
ware-as-a-Service. Agora, softwares que estão em fase de comoditização e com excesso de desempenho (funções muito acima das necessidades do mercado), não são mais reconhecidos como valor agregado pelo mercado, que busca então alternativas mais baratas como as opções Open Source. Estes softwares, sim, serão canibalizados pelo modelo Open Source.
Portanto, devemos estudar o modelo Open Source pelo seu aspecto econômico e não apenas por questões ideológicas ou emocionais. Open Source, ao alavancar inovação vai acarretar, ao longo do tempo impactos positivos na economia como um todo.
Bem, tá legal...E a IBM, como se insere neste contexto? Há mais de dez anos atrás quando a IBM começou a falar deste assunto, para muita gente a surpresa era grande...A IBM envolvida com Linux e Open Source? Porque uma empresa que durante muitos anos foi considerada um bastião dos sistemas fechados (a era dos mainframes) entraria neste negócio, e ainda quando o movimento de Open Source era considerado um território inexplorado?
Em 2001, quando a IBM anunciou no Linux World um investimento de um bilhão de dólares em iniciativas em torno do Linux, o mercado compreendeu que a coisa era realmente séria. Um bilhão de dólares não é envolvimento, mas sim comprometimento!
Mas porque este comprometimento? Bem, entendemos que Open Source é uma inovação no processo de desenvolvimento de software, que permite construir novos e inovadores modelos de negócios. Open Source acelera a inovação. Tem uma frase muito interessante de Eric Raymond, em seu livro “The Cathedral and the Bazaar” que expressa bem esta idéia: “ I think Linus´s cleverest and most consequential hack was not the construction of the Linux kernel itself, but rather his invention of the Linux development model” .
O desenvolvimento colaborativo permite a construção de softwares fantásticos e abre novos mercados, antes inatingíveis. Com Open Source a indústria de software pode entrar no mercado da Cauda Longa (Long Tail), inacessível antes devido aos custos de produção, distribuição e comercialização de software pelos modelos tradicionais.
Os objetivos da IBM com Open Source são: aumentar o ritmo e velocidade das inovações, incentivando o “caldo cultural” de inovação nas comunidades (inteligência coletiva), ser um contribuidor ativo das comunidades e não apenas consumidor, capturar e transformar inovações Open Source em valor para nossos clientes e alavancar modelos de negócios baseados em Open Source para entrar em novos mercados e expandir oportunidades de negócio. É, portanto uma estratégia e não um simples oportunismo para explorar uma onda, ou uma reação atrasada e forçada pela pressão do mercado.
E o futuro? Que esperamos do Open Source? Bem, a estratégia da IBM com Open Source fica bem clara quando lemos um comentário de Sam Palmisano, gerente geral da IBM mundial, quando ele diz “Open Source is a method of tapping a community of experts to develop useful things. It began in software, but applies broadly, and is anything but anti-capitalist. It can raise quality at reduced costs, and vastly expands opportunities for profit. In a sense, open source fuels innovation much the way science fuels technology. Science is created by communities of experts, whose fundamentals discoveries are typically made available to all, including individuals and companies that are able to capitalize on the new knowledge in novel ways. For IBM, the open source model is familiar territory, given our long track record in the sciences”.
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