SSD no desktop Linux, parte 1Está chegando aquela época do ano em que muita gente pensa nos presentes que quer ganhar, dar aos amigos e familiares ou comprar para si mesmo. Embora eu não deseje escrever um guia de presentes de Natal tecnológicos (ou será que..?), um recente upgrade que fiz em meu laptop pessoal me deixou muito satisfeito, e agora vou compartilhar as informações que coletei a fim de facilitar o uso desta nova tecnologia por outras pessoas. O upgrade foi a troca do HD por um SSD. Apesar do menor tamanho (120 GiB no SSD contra 320 GB no HD), os resultados foram absolutamente satisfatórios. Por exemplo, o mais famoso benc E aqui inicio esta série de dois artigos, sendo o primeiro uma apresentação da tecnologia e o segundo uma série de sugestões de como aproveitar melhor seu SSD para uso em um sistema desktop (isto inclui laptops) com GNU/Linux. Vantagens práticas do SSDDizem que trocar um HD por um SSD é o melhor upgrade que você pode fazer em qualquer máquina atual. A razão para esta afirmação é que computadores de uso típico são limitados, acima de tudo, por I/O. Então, de nada adianta ter uma CPU com o dobro de gigahertz ou o triplo do número de núcleos quando o verdadeiro motivo da lentidão do seu sistema é a vagarosa transferência dos blocos de dados do seu disco rígido para a memória RAM. O SSD emprega algumas técnicas simples, mas eficazes, para acelerar esse tipo de acesso:
Desvantagens do SSDNeste momento, o SSD possui duas desvantagens:
Como escolher seu SSDComo nova tecnologia, os SSDs avançam muito rapidamente. A cada mês, as versões antes moderníssimas dos produtos se tornam ultrapassadas (embora nem sempre mais baratas) e surgem novos modelos de dispositivos. Um sinal do crescimento e amadurecimento do mercado de SSDs é a recente onda de aquisições entre empresas fabricantes de firmwares controladores e montadoras de dispositivos. Diante desta constante (r)evolução no mercado, fico "à vontade para não me sentir confortável" em sugerir uma marca ou modelo de SSD. O que sugiro, em vez de algo fixo, é que você confira os inúmeros benchmarks e análises publicados em sites especializados. Substituir ou acrescentar?Como os SSDs são mais caros que HDs tradicionais, o seu primeiro SSD provavelmente terá menos espaço que o(s) HD(s) já instalado(s) na máquina. Problema? Não necessariamente. A grande maioria dos SSDs à venda no mercado possui o mesmo tamanho dos HDs "de laptop", isto é, 2,5 polegadas. Todos utilizam o padrão SATA, com conectores de alimentação e dados exatamente na mesma disposição dos discos tradicionais de 3,5 e 2,5 polegadas. Neste ponto, portanto, um SSD atual é idêntico a um HD de 2,5 polegadas. Se seu laptop tiver uma tela de 17", é possível que ele tenha espaço dentro do gabinete para mais um disco. No caso de um desktop, este espaço é quase certo. Acrescentar um SSD a um computador já montado é facílimo, pois os dispositivos mais fáceis de encontrar já possuem interface SATA idêntica à do(s) HD(s) que você já possui. No caso de um laptop com tela menor que 17", optar por um SSD significará retirar o HD de dentro do gabinete do laptop. Se for este o seu desejo, o melhor é acionar o suporte técnico do fabricante do seu laptop e se informar sobre as formas de fazer esse procedimento sem violar a garantia da máquina. Caso contrário, você perderá irrevogavelmente a garantia do equipamento e precisará de conhecimento e certa experiência com este tipo de operação. Alerta de gambiarra: Certa vez, um aluno me apresentou uma solução engenhosa e até elegante para o problema do espaço para apenas um HD/SSD no laptop. Ele inseriu o HD original de 2,5 polegadas em um case alimentado via USB e grudou o case à tampa do laptop com um velcro (um dos lados do velcro colado à tampa do laptop e o outro colado à superfície inferior do case). Se você se interessar por esta solução, não deixe de usar um cabo USB curto, para que não fique sempre pendurado e propenso a puxões que fatalmente prejudicarão a solução. Os cabos USB fornecidos com modems 3G normalmente têm o tamanho perfeito para esta aplicação. Com USB 3.0 e Thunderbolt, o teor de gambiarrice dessa solução vai até diminuir! SATA I, II ou III?Se o HD é o gargalo do sistema moderno, sua troca por um SSD irá apenas transferir o gargalo para outro ponto — afinal, este é sempre o princípio do tuning. Cuidado para o novo gargalo não ser a sua controladora SATA:
Os modos SATA II e SATA III são 100% interoperáveis, de forma que dispositivos de ambos os padrões convivem em harmonia com os dois tipos de controladoras. Porém, o desempenho final do disco será limitado pelo componente mais lento. Não consegui testar nenhum dispositivo SATA II ou III em controladoras SATA I, de forma que não posso assegurar seu funcionamento. Os SSDs mais modernos utilizam o padrão SATA III. No entanto, ainda é possível encontrar muitos modelos SATA II. Se você pretende levar seu SSD para o seu próximo computador, prefira os dispositivos SATA III, embora talvez sejam um pouco mais caros. Não se esqueça de conferir também o suporte à versão do padrão SATA no seu computador! Procure essa informação no manual do equipamento ou no site do fabricante. Só ele pode ter certeza sobre esse suporte. Um comando que pode ajudar a conferir os modos SATA suportados pela sua controladora é: $ dmesg |grep 'SATA link up' Numa máquina com controladora SATA II, a saída seria: ata1: SATA link up 3.0 Gbps Há também uma leve correlação entre o modelo da CPU do seu laptop e o suporte aos modos SATA:
ATENÇÃO: Esta correlação não é uma regra. FirmwareComo a memória flash possui um número limitado de gravações suportadas, é preciso distribuir as operações entre as células de memória de forma a evitar seu desgaste desigual, mesmo que um único arquivo do seu disco sofra muito mais gravações do que os demais. Uma forma de evitar este problema seria utilizar sistemas de arquivos projetados especificamente para dispositivos NAND flash, como LogFS, JFFS2, UBIFS e NILFS, todos já incluídos no kernel Linux há mais de um ano. No entanto, os SSDs SATA escondem do sistema operacional o acesso bruto à memória. Para o sistema operacional, o dispositivo se comporta como um HD tradicional. Nos SSDs SATA, quem se encarrega de distribuir cautelosamente a gravação pelas células de memória é o firmware instalado no próprio SSD. Esse firmware é instalado pelo fabricante do dispositivo e, dada a rápida evolução dos fabricantes de firmware, há atualizações com certa frequência. Prefira os SSDs cujos fabricantes disponibilizem ferramentas de atualização do firmware para Linux. A única forma de verificar isto é entrando no site de cada fabricante de SSD. No caso do meu SSD, assim que ele chegou já havia uma atualização do firmware. Aproximadamente um mês depois, o fabricante disponibilizou uma nova atualização. É uma boa ideia atualizar o firmware do seu SSD assim que você o instalar, antes mesmo de gravar qualquer dado nele. Geralmente, não se perde o conteúdo do disco mediante uma atualização, mas pode haver exceções. Backups são sempre uma obrigação, mesmo sem você instalar um SSD. ;) O comando TRIMSSDs não são capazes de sobrescrever bits. Em vez disto, cada bit alterado requer a re-escrita de todo um bloco, chamado de erase block. Quando um arquivo é apagado, o sistema de arquivos pode emitir ao SSD um comando (chamado TRIM) para descartar os blocos sob esse arquivo. O comando TRIM, portanto, informa ao SSD quais blocos não estão mais em uso e podem ser reutilizados quando necessário. Isto reduz o desgaste das células de memória com gravações desnecessárias em blocos que já não estão mais em uso. Prefira SSDs com suporte ao comando TRIM. Felizmente, a grande maioria, senão a totalidade dos SSDs atuais, oferece suporte ao TRIM. No próximo artigo, veremos também como ativar esse suporte no lado do sistema de arquivos. Próxima etapa: Ativar!No próximo artigo, veremos como preparar seu sistema operacional GNU/Linux para utilizar ao máximo os benefícios do SSD e evitar seu desgaste prematuro. Cobriremos detalhes de parâmetros de formatação e montagem do sistema de arquivos e também ajustes no sistema de I/O (ioschedulers) e memória virtual. Até lá! Outros links interessantes
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