Rodrigo Jungi Suzuki
Sinceramente, como um profissional de Tecnologia da Informação (TI), não esperava palestrar em um congresso de Medicina, mas foi isso mesmo que aconteceu em setembro de 2018. Fui convidado a palestrar sobre algum tema de tecnologia relacionado com a Medicina. Vou contar um pouco dessa experiência extremamente enriquecedora.
O convite veio de uma forma bem informal, um amigo médico me perguntou "você tem terno?", fiquei em dúvida entre o sim e o não porque sabia que ali tinha alguma “pegadinha”, e ele continuou falando “você vai abrilhantar nosso evento, queremos novidades, coisas novas e você pode trazer isso, trabalha na IBM!”, simples assim. Descobri que o evento seria o VI Congresso Mineiro de Cirurgia Oncológica, logo veio na minha cabeça, oncologia + tecnologia = Watson for Oncology! Esse seria o tema da palestra. Durante o período entre o convite e o congresso, pesquisei várias fontes, estudei o assunto, fiz consultas e reuniões com pessoas ligadas ao Watson for Oncology.

Ah, vale a pena dizer que conversei também com algumas pessoas sobre técnicas de palestrar, pois encarar uma sala de aula com 40 pessoas é bem diferente de um auditório repleto de médicos especialistas, enfermeiros, acadêmicos e também algumas autoridades como o Presidente e Vice-presidente Nacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e médicos do renomado AC Camargo (São Paulo).
As palestras foram no formato Ted Talk, comecei apresentando uma imagem do desenho dos Jetsons (a robô Rosie) para explicar o que é a inteligência artificial. Depois comentei sobre Jeopardy, o famoso programa americano de respostas e perguntas, quando o Watson foi campeão desbancando os dois campeões de maior sucesso da história do programa, para então chegar no tema principal.
Apresentei a solução do Watson for Oncology, um sistema cognitivo que suporta os médicos nos tratamentos de pacientes com câncer. A solução foi treinada no renomado Memorial Sloan Kettering Cancer Center (MSKCC), que analisa os registros clínicos e traz informações para fornecer suporte científico aos médicos na recomendação dos melhores tratamentos. Na prática, o médico insere as informações clínicas do paciente no sistema, adiciona o seu histórico, os tratamentos já realizados, os medicamentos tomados e resultados de exames. Com esses dados, a solução auxilia o médico indicando os tratamentos recomendados para aquele paciente.
Durante a palestra, como esperado, percebi o interesse da plateia, pois essa solução ainda é desconhecida por boa parte da classe médica. Apresentei algumas campanhas ao redor do mundo como #outthinkmelanoma, campanha sensacional da IBM na Austrália, onde os australianos estão ajudando o Watson na luta contra o câncer de pele. Outro caso foi do Manipal Hospitals na Índia, país com um número limitado de médicos oncologistas, em novembro de 2017 havia apenas 1.600 médicos dessa especialidade para toda sua enorme população. É aí que o Watson entra na história, muitas vezes o paciente é examinado por um clínico geral e para não ficar aguardando um retorno de um colega oncologista (que pode demorar), o Watson ajuda a agilizar o diagnóstico e o tratamento dos pacientes.
Sabe-se que mais de 75 mil trabalhos de pesquisas oncológicas são publicados anualmente, tornando praticamente impossível para qualquer médico oncologista se manter atualizado sem o auxílio da plataforma cognitiva. Esta é a grande sacada! O sistema é alimentado com as informações comprovadas cientificamente disponíveis até o momento e o Watson gera os insights relevantes para o tratamento do paciente.
A solução já trata vários tipos de câncer e a corrida contra essa doença na era da inteligência artificial já foi iniciada. Embora o Watson for Oncology forneça opções de tratamento seguras, as decisões de tratamento no fim das contas, exigem o envolvimento e o julgamento clínico do médico. Nenhuma tecnologia pode substituir um médico e o conhecimento individual sobre cada paciente.
Essa oportunidade me trouxe alguns sentimentos gratificantes. Primeiro, palestrar é uma experiência ímpar e que todos deveriam experimentar. Além disso, foi fantástico, poder falar de como a inteligência artificial está auxiliando os médicos no combate ao câncer. É incrível termos toda essa tecnologia sendo desenvolvida em prol da vida, com empresas pesquisando e criando soluções para um mundo melhor! Think!!!
Para saber mais
- https://www.ibm.com/br-pt/marketplace/clinical-decision-support-oncology
- https://www.ibm.com/cognitive/au-en/melanoma/
Rodrigo Jungi Suzuki, é certificado IT Specialist e Architect na IBM Brasil com 26 anos de experiência em Tecnologia da Informação, trabalhou com banco de dados e hoje atua em SAN Storage. Formado em Ciências da Computação pela Universidade Paulista. O Mini Paper Series é uma publicação quinzenal do TLC-BR e para assinar e receber eletronicamente as futuras edições, envie um e-mail para tlcbr@br.ibm.com.
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