Atualmente muita importância tem sido dada à comunicação e à colaboração entre pessoas, não só no trabalho, mas também em outras áreas da vida e até no mundo dos quadrinhos, o qual, como veremos a seguir, nos ensina muita coisa.
Estudos realizados sobre a rede social formada por personagens dos quadrinhos da editora Marvel Comics, mostram que tal rede se comporta de acordo com o modelo de redes complexas, comuns em nosso dia-a-dia, no qual os pontos de ligação (pessoas ou objetos em geral) que mais detém informações também têm maior probabilidade de recebê-las e repassá-las. Esse tipo de comportamento obedece, ainda, às chamadas “leis de potência”, ou seja, não sofre variância com a mudança de escala.
Na Internet, por exemplo, pode-se citar as redes de relacionamentos (Orkut, Twitter, Facebook, Hi5, blogs, etc.), nas quais cada ponto de ligação pode ser considerado uma pessoa ou página e cada ligação seria o relacionamento de amizade, ou hyperlink. Como esperado em redes que seguem o modelo citado, as pessoas mais “populares” são as que mais crescem seu número de amigos, enquanto as menos “populares” têm grande dificuldade em aumentar a quantidade de seus relacionamentos.
No mundo real, as pessoas que têm mais amigos tendem a conhecer mais pessoas, os profissionais com maior experiência tendem a ser mais consultados, as empresas mais bem conceituadas recebem mais oportunidades de negócio, e assim por diante. Porém, antes de ser o mais procurado pelos colegas de trabalho, amigos ou clientes, algumas lições podem ser aprendidas com os heróis dos quadrinhos.
Na análise da rede social dos quadrinhos da Marvel, que conta com 6.486 personagens marcados por aparições conjuntas em 12.942 livros e revistas, nota-se que os “mocinhos” se comportam de forma a criar comunidades bem definidas e lideradas por um herói mais carismático ou de grande influência. Fato similar acontece no cotidiano corporativo, no qual cada empresa tem seu objetivo de negócio e busca levar seus funcionários a participarem ativamente dele através de uma hierarquia carismática ou preponderante.
Porém, isso não acontece com os vilões. Ao comparar heróis e vilões é interessante verificar que mesmo sozinhos e muitas vezes mal equipados, os personagens do mal causam grandes problemas para os do bem, o que contradiz o senso comum de que vilões são fracos e desorganizados. Na verdade observamos que os vilões são muito capazes naquilo a que se propõem (como tentar destruir os heróis ou dominar algo) e individualmente podem mobilizar vários heróis para neutralizá-los. Entretanto eles nunca conseguem alcançar seus objetivos porque sempre fica faltando alguma coisa.
E o que lhes falta são justamente algumas habilidades que os heróis possuem quase que naturalmente, tais como networking social, trabalho em equipe, comunicação, transparência e outros jargões que cabem tão bem quando falamos em colaboração.
Apesar de estarmos lidando com redes de personagens fictícios sob um modelo matemático definido, a lógica funciona igual no mundo real e nos traz uma fórmula (sem números) para que nos tornemos verdadeiros super-heróis no trabalho e na vida em geral. Essa fórmula determina que não é preciso ter superpoderes, inteligência excepcional, habilidades fantásticas ou mesmo instrumentos maravilhosos. É necessário, sim, ter muito esforço, foco nos objetivos, comunicação, colaboração e cooperação com os outros.
Isso tudo combinado, é claro, com uma vida pessoal prazeirosa e saudável fora do ambiente de trabalho (ou do uniforme de super-herói).
Para saber mais- http://en.scientificcommons.org/23215849
- http://bioinfo.uib.es/~joemiro/marvel.html
- http://homepages.dcc.ufmg.br/~virgilio/site/?n1=teaching
Douglas Cristiano Alves é especialista em TI com 6 anos de experiência em Tecnologia de Informação, e é formando em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Tags: 
redes_sociais