Aquecimento global, alterações climáticas, o excesso de lixo: no âmago
de algumas das principais preocupações que afligem a humanidade hoje,
está a questão da sustentabilidade ambiental - a noção de que, se
continuarmos utilizando os recursos naturais no mesmo passo que seguimos
desde a revolução industrial, os danos à biosfera serão irreversíveis,
causando extinções em massa e até mesmo colocando a vida humana em
risco.
Todos nós temos que fazer a nossa parte contra esse
cenário. Entretanto, são as empresas, grandes e pequenas, responsáveis
pela maioria dos processos produtivos e por uma grande parte do uso dos
recursos naturais. Por sorte, hoje já passamos da fase do convencimento
da importância das práticas sustentáveis para a ação pura e simples.
Nesse contexto, surge a TI Verde, ou a idéia de que é possível criar e
utilizar tecnologias que levarão ao crescimento sem agredir o meio
ambiente, sempre com foco no aumento de produtividade, o que em si já
representa uma grande contribuição para redução de uso dos recursos
naturais.
E onde está o "coração" da TI Verde? Não é difícil
chegar até a resposta: onde está o "coração" do seu datacenter, do seu
servidor, do seu sistema? A peça fundamental onde a TI se baseia são as
tecnologias de processamento. É por isso que qualquer projeto de TI
Verde sempre começa com a decisão pela plataforma com maior eficiência
energética: quantos números eu serei capaz de mastigar com uma dada
quantidade de watts, e em quanto tempo?
É importante notar que o
avanço na tecnologia de processadores - por meio da adoção de
arquiteturas mais eficientes e principalmente na diminuição do tamanho
dos circuitos - invariavelmente leva à eficiência energética. Ou seja,
quando uma empresa decide adiar a renovação de seus computadores, ela
não apenas deixa de ganhar produtividade, mas também deixa de economizar
na conta de luz.
Mas isso é apenas o começo: a verdadeira TI
Verde começa na fabricação dos equipamentos, e não no seu uso. A empresa
ecologicamente responsável precisa levar em conta os processos
produtivos de seus fornecedores. Processadores, por exemplo,
tradicionalmente utilizam o chumbo, um material altamente tóxico, em
seus processos de soldagem.
Nos últimos 10 anos, a Intel simplesmente
eliminou o uso de chumbo no processo de fabricação de seus
processadores. Desde 2008, a Intel também investe em mudanças para
reduzir e até eliminar de seus produtos os halogênios, elementos
químicos tradicionalmente utilizados na indústria de eletrônicos para
evitar o superaquecimento. Os componentes halogênios, além de difíceis
de reciclar, podem ser tóxicos se inalados.
A preocupação com o
meio ambiente não pode passar ao largo das compras tecnológicas. Uma boa
pesquisa e senso de responsabilidade trazem benefícios econômicos e
produtivos também. A TI Verde não é sobre gastos desnecessários e dores
de cabeças, mas sobre compras inteligentes e soluções eficientes, onde
ganha a empresa, o funcionário, e todas as outras pessoas no planeta.
artigo publicado originalmente no iMasters, por Reinaldo Affonso
