O último número do IBM Journal of Research and Development é dedicado ao mainframe z10. Vejam a edição completa em http://www.research.ibm.com/journal/rd53-1.html . E sempre é bom lembrar que 2009 é o aniversário de 45 anos do lançamento do primeiro mainframe, o /360.
Li alguns artigos e um me chamou a atenção. Aborda o desenho da microarquitetura do processador do z10. Este processador, de quatro núcleos, é fabricado com a tecnologia CMOS da IBM, de 65 nanômetros e possui 993 milhões de transistores.
É um processador de 64 bits, de 4,4 GHz (comparem com os 1,7 GHZ do z9) que apresenta um desempenho bem superior ao modelo anterior (z9), não apenas pelas melhorias na densidade dos circuitos e na velocidade do clock, mas muito devido às mudanças em sua microarquiteura. Vale a pena ler o paper.
Mas, aproveitando a deixa, falamos que o z10 é um processador de 64 bits. Chegar até estes 64 bits foi uma longa estrada. Os primeiros mainframes, os 360, tinham registradores de 32 bits, mas apenas 24 bits eram usados como endereçamento, limitando a memória a 16MB. Aliás, esta capacidade de memória era algo inimaginável para a época, meados da década de 60, do século passado. Lembro que quando comecei a programar, em Assembler 360, no início dos anos 70, trabalhava no então CSD (Centro de Serviços de Dados) da IBM, no centro do Rio, que possuia então 3 mainframes 360/40. Dois deles com 64K e um, o famoso “quarentão”, com 256K. Um espanto. Imaginem então 16 MB! Na prática os 360 maiores tinham 1 MB e alguns raros “monstros” chegavam a 6 MB!
Depois vieram os 370, que implementavam memória virtual. Este recurso permitia que um programa fosse maior que a memória real. Por exemplo, o programa poderia ter 4 MB, embora a máquina real tivesse apenas 1 MB. Mas, o endereçamento restrito a 24 bits já era, claramente, uma limitação para o início dos anos 80. Apareceu então o 370/XA, com endereçamento de 31 bits. Pouco depois ficava patente que mesmo estes 31 bits eram insuficientes e surgiu a arquitetura 370/ESA, que permitia segmentação de modo a um programa acessar mais de uma região de memória de 31 bits.
E finalmente em 2001, apareceu a série z, com 64 bits. Ou seja, foram 37 anos de evolução para chegar aos 64 bits.
Aliás, por curiosidade, na mesma semana recebia a edição de janeiro da Communications of the ACM e estava lá um artigo “The Long Road to 64 bits”. Este artigo mostra a evolução das arquiteturas dos computadores até chegar aos 64 bits. E especula se algum dia teremos um computador de 128 bits de endereçamento...
Mas, continuando a conversa sobre mainframes, é indiscutivel que mesmo com a crise econômica, o mainframe continua vendendo bem. Só para termos idéia, nos últimos cinco anos a capacidade instalada de mainframes, medida em MIPS (milhões de intruções por segundo) simplesmente dobrou. E, segundo alguns dados do Gartner Group a base instalada de mainframes em todo o mundo já ultrapassa 14 milhões de MIPS. Ora e ainda tem gente que fala que o mainframe está com os dias contados.
O Gartner fornece alguns dados adicionais bem interessantes: o número de IFLs (processadores dedicados a Linux) já ultrapassou os 7.000, em mais de 1.300 clientes. O Gartner estima que MIPS de IFL representam já cerca de 15% da base total de MIPS. Portanto, mainframe não é apenas reduto de coboleiros...
Um ponto importante: a IBM vem investindo muito nos programas de educação para mainframes, no mundo todo. Hoje pelo menos 500 universidades, inclusive várias no Brasil, tem programas de educação em mainframe. O resumo da história: existem boas oportunidades profissionais para quem conhece mainframes.
E faço um convite a todos interessados em conhecer um pouco mais da potencialidade dos mainframes. Dia 17 de março, em São Paulo, a IBM vai organizar um evento para prestigiar os participantes do concurso mainframe. Serão várias palestras muito interessantes, premiação dos campeões e também provas de seleção de estagiários. Em suma, vale a pena dar uma olhada no evento. Começa as 13 horas, no auditório da IBM, na rua Tutóia. Para fazer a inscrição é simples: envie email para concurz@br.ibm.com com o assunto EVENTO, colocando nome completo e instituição de ensino no corpo da mensagem. Simples.
E uma curiosidade: uma série de mainframes da linha z, lançados em 2003, foram chamados de T-Rex, uma brincadeira com o apelido de dinossauro com que muitos chamavam e ainda chamam os mainframes. E isto me lembra um fato interessante. Desde criança ficava fascinado com dinossauros (e um colega, maldosamente, me disse que foi por isso que comecei a trabalhar com os 360...) e li diversos livros sobre o assunto. Lembro de quando o filme “Jurassic Park” foi lançado. Vi várias vezes no cinema e outras incontáveis vezes no video e TV por assinatura. E ele comete um certo exagero ao ser chamado de Parque Jurássico. Recordando, os dinossauros habitaram a Terra no correr de três longos períodos: o triássico, de 250 a 210 milhões de anos atrás, o jurássico, de 210 a 140 milhões de anos atrás, e o cretáceo, entre 140 e 65 milhões de anos atrás. Ora, os principais dinossauros do file, o T-Rex e os velociraptores são do período cretáceo e não do jurássico. O filme, deveria ser chamado de Parque Cretáceo. Enfim, são liberdades artísticas...[Read More]

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