Participei como painelista do evento KMBrasil 2008 (Knowledge Management Brasil 2008), organizado pela SBGC (Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento). No painel mostrei as experiências da IBM em Open Innovation e no uso da Web 2.0 para construção de redes sociais.
Mas também conversei muito com outro dos painelistas, Vasco Furtado, professor da Unifor, que está desenvolvendo um wiki muito interessante que é o WikiCrimes (vejam www.wikicrimes.org).
A proposta do WikiCrimes é simples: As crises que têm caracterizado as instituições policiais bem como suas limitações para prestar um serviço público de qualidade tendem a provocar um sentimento de descrédito do cidadão. Isso acaba por contribuir para o baixo índice de notificações de ocorrências: o chamado efeito de subnotificação. Pesquisas feitas com vitimados em alguns estados brasileiros mostram que a subnotificação pode, em áreas densamente povoadas, chegar até a 60% para certos tipos de delitos. Além disso, de maneira geral as polícias escondem as informações sobre criminalidade, informações estas que são públicas e pertencem a nós cidadãos, uma vez que nós é que as geramos, quando fazemos registros de ocorrências.
Assim, o WikiCrimes permite que os próprios cidadãos registrem as ocorrências em um mapa. O mapeamento da criminalidade permite a identificação de zonas perigosas alertando o cidadão e orientando os órgãos públicos no planejamento de suas ações. A publicidade do registro das ocorrências criminais traz acima de tudo transparência, pois quebra a lógica de monopólio das informações pelo Estado.
O WikiCrimes é mais um exemplo de como a Web 2.0 permite que nós passemos a ter mais controle das informações. Os monopólios das informações deixam de existir e a própria sociedade consegue se manifestar de forma mais ampla e democrática.
Acredito que as instituições policiais deveriam incentivar o uso do WikiCrimes (o que não significa deixar de registrar as ocorrências no órgão policial), mas permite que muito mais informações circulem pela sociedade. E nós cidadãos devemos contribuir também, registrando nele as ocorrências que vimos ou sofremos. É uma iniciativa que deve ter todo nosso apoio.[Read More]

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WikiCrimes: um wiki contra o crime! |
IT Conference 3: Wikis
Ontem escrevi sobre blogs, um dos assuntos da diversas conversas que aconteceram no IT Conference. Hoje vou tentar reproduzir o que foi debatido em outro interessante bate-papo, desta vez sobre wikis.
Um amigo meu que encontrei no evento veio com a pergunta: “qual a vantagem de usar um wiki?”. Bem, perguntei como ele fazia para para co-autorar um documento. Segundo ele, usava um editor, e “atachava” o documento, enviando-o para os outros envolvidos, para fazerem suas atualizações e devolverem. Fica neste jogo algum tempo e apesar de esquemas de versioning e tracking ele perde muito tempo tentando reconciliar as diversas alterações...Frustrações e demoras...Claramente a tecnologia atual de “personal computing” não estava atendendo o contexto de colaboração! Os wikis se propõem a fazer as coisas de forma diferente. São os ícones da “collaborative computing”. O Wikipedia é um exemplo dos bons resultados que podem ser alcançados com esta tecnologia. “Ok, mas além de enciclopédias, o que mais podemos fazer com wikis?”. Bem, aí pensamos juntos...Ah, que tal usar para criar feedbacks de cursos e eventos? Não seria legal os participantes darem feedbacks, complementando uns aos outros, permitindo ao instrutor repensar o curso? Ou desenvolver propostas e apresentações de vendas? Quem sabe um documento de avaliação de mercado e concorrência? Muitos documentos gerados pelas áreas de “inteligência de mercado” podem ser refinados com opiniões e experiências do pessoal de campo, os vendedores e executivos que estão em contato direto com o próprio mercado. Mais idéias: acompanhar projetos, criar documentos de relacionamento com clientes, registrando visitas, contatos, milestones, etc. Criação de “brain storms” para gerar inovações e idéias sobre novos produtos e serviços. Desenvolver manuais operacionais, “best practices”, FAQs, glossários, políticas corporativas, etc. Um exemplo que abordei na conversa foi o da própria IBM. Criamos o WikiCentral e devemos ter cerca de 125.000 usuários registrados, em mais de 5.000 instâncias de wikis. O WikiCentral é usado, entre outras funções como ferramenta de colaboração para geração de novas idéias e criar documentação. Um exemplo são os RedBooks, publicações da IBM (Já viram? Acessem www.redbooks.ibm.com) que são geradas por equipes constituídas por especialistas da IBM, clientes e parceiros. Com o uso de wikis, os RedBooks podem ser gerados mais rapidamente. Outro exemplo é o DeveloperWorks (http://www-03.ibm.com/developerworks/wikis/dashboard.action) , que mantém diversos wikis para uso externo com a comunidade global de desenvolvedores. Mas, também um alerta. Wikis não fazem tudo. Documentos que requeiram um alto grau de precisão, controle e auditabilidade como relatórios e análises financeiras não são adequados para wikis. Além disso, wikis criam um nível de transparência que a maioria das empresas não está acostumada a ver. Vão aparecer reações contrárias das pessoas que nunca desenvolveram documentos de forma colaborativa e transparente, que vão se mostrar desconfortáveis com outros revendo seus textos. Os documentos são expostos desde o início e não apenas nas versões finais, para revisão... E, como em qualquer mercado ainda imaturo, surgem inúmeras soluções pioneiras. Existem wikis open source e wikis de código fechado. Mas um cuidado é evitar implementar uma solução que não tenha garantia de continuidade e que tenha diculdade de integração com outros softwares, como os que criam blogs, editam textos, enviam e-mails, operam IM, etc. E, fazendo uma “venda”, lembrei a ele do Lotus Connections da IBM...Claro, não poderia perder a oportunidade... E para encerrar, ainda tive a petulância de fazer algumas sugestões: crie uma politica de uso de wikis (uma “wikiqueta”), eduque e motive os usuários, consiga apoio e comprometimento da alta administração (você vai quebrar paradigmas arraigados e precisar de apoio para vencer resistências), e identifique um evangelista para disseminar a idéia do wiki e impulsionar a cultura de colaboração. E comece com a ferramenta certa. [Read More] |