No último post abordei a importância da computação em nuvem para os ISVs. A cada dia novas pesquisas demonstram claramente que a pergunta “devo ou não ir para nuvem” já é irrelevante. Recentemente a Cisco publicou um trabalho que mostra que, em 2016, 62% do processamento de dados será em nuvens e 38% dentro das empresas, o inverso de hoje. E esta inversão vai acontecer em apenas quatro anos. Na verdade estamos dando os primeiros passos em direção uma nova era em TI, onde Cloud Computing e mobilidade são dois dos seus principais esteios.
Uma pequena retrospectiva histórica para nos colocarmos no contexto. A primeira era computacional foi a dos sistemas centralizados, com automação dos processos internos das empresas. Deixou como legado um back-office mais eficiente, permitindo criar empresas mais modernas e ágeis. A segunda era foi marcada pelo advento dos PCs, que permitiu a computação pessoal. Revolucionou a computação, pois cada indivíduo ou residência poderia ter seu próprio computador. O legado foi a reengenharia das corporações, com o grande aumento da produtividade individual. A terceira era, na qual ainda vivemos, mas estamos no limiar de sua fronteira de saída, foi a da Internet, transformando e criando novos modelos de negócios através do e-business e Internet banking, acelerando a economia global. A quarta era, na qual estamos dando os primeiros passos vai permitir a convergência de indústrias, automatizando decisões e criando verdadeiras redes de indivíduos e corporações. Surgirão novos e inovadores modelos de negócio e organizações empresariais, derrubando inclusive as fronteiras entre as empresas.
A mobilidade, acoplado ao conceito de nuvem, tem um papel fundamental neste contexto. As oportunidades de inovação são imensas: mobile-social, social-analytics, collaboration-mobile, etc. O pano de fundo é a computação em nuvem e o meio de acesso serão os dispositivos móveis.
A importância e o impacto da mobilidade pode ser visualizada claramente nesta frase de uma analista do Morgan Stanley, “The desktop internet ramp was just a warm-up act for we’re seeing happen on the mobile Internet. The pace of mobile innovation is unprecedented, I think, in world history”. O desafio para as empresas de software é explorarem a potencialidade das inúmeras funcionalidades dos dispositivos móveis de forma inovadora e não como simples atualização dos seus velhos e já obsoletos interfaces teclado-mouse.
O mercado potencial é imenso. Desde o primeiro iPhone, que surgiu em 2007, foram vendidos um bilhão de smartphones. Ou seja, um em cada sete habitantes do planeta tem um smartphone. Em três anos este número dobrará para dois bilhões. Pesquisas têm mostrado que 80% das empresas da lista Fortune 500 já estão testando ou adotando iPhones e ano passado 35% da força de trabalho das empresas no mundo todo já estavam usando smartphones e tablets nas suas atividades profissionais. Portanto, esses dispositivos estão deixando de ser apenas ferramentas de uso pessoal, para se tornarem as principais ferramentas de trabalho. Aliás, torna-se cada vez mais difícil separar atividades pessoais das profissionais, prinicipalmente em negócios da economia criativa. Tem um texto de um artigo que saiu no Wall Street Journal que vale a pena ser copiado aqui: “Wireless apps aren’t just about slingshotting birds or drinking virtual beers anymore. Mainstream business tasks from sales and marketing to customer service and consumer research are quickly making their way from desktops to smartphones”.
Os resultados no uso da mobilidade aparecem rápido. Já em 2010, uma pesquisa da Forrester mostrava que 75% dos executivos afirmavam que seu uso gerava maior produtividade dos funcionários, 65% diziam que o principal benefício era acelerar o processo de tomada de decisão e 48% apontavam que conseguiam resolver mais rapidamente os problemas com seus clientes.
Portanto, os ISVs devem, obrigatoriamente, evoluir seus produtos para incorporarem a mobilidade. Algumas decisões devem ser tomadas. Primeiro as tecnologias a serem adotadas. Usar apps nativas ou HTML5? Em termos de plataformas, iOS e Android são indiscutivelmente os líderes do mercado. O Windows 8 está começando bem atrás no grid de largada e tem que correr muito para se emparelhar com os líderes, se é que conseguirá. Eu tenho sérias duvidas em relação a isso. Provavelmente veremos, pelo menos nos próximos anos, um ambiente híbrido, com desenvolvimento tanto em ambiente nativo, como HTML5. Mas, para isso é necessário adquirir proficiência nestas tecnologias.
O investimento também deverá ocorrer no uso de ferramentas MEAP (Mobile Enterprise Application Platforms), que permitam desenvolver uma única vez e rodar o aplicativo nas várias plataformas selecionadas para serem suportadas. Para reforçar esse argumento, uma frase do Gartner: “Gartner’s Rule of 3: any organization that supports either 3 mobile apps, 3 mobile OS’s or is integrating at least 3 back-end data sources should deploy a MEAP”. Neste campo sugiro olhar a ferramenta MEAP da IBM, o Worklight.
Como vemos, as mudanças que irão afetar o jogo onde as empresas de software estão jogando já estão em curso. Mudando as regras do jogo, as jogadas devem ser outras. Os produtos que fizeram sucesso até aqui precisam ser reengenheirados para suportar as inovações que a mobilidade está trazendo. E é fundamental não perder tempo. Afinal há meros 5 anos não existia o iPhone...