O tema Internet das Coisas está deixando de ser curiosidade para fazer parte do cenário de computação das empresas. Na verdade, a computação já está espalhada por toda a empresa e não apenas no setor que conhecemos como TI. Um exemplo é o caso do Volt, carro elétrico da GM, que tem mais de 10 milhões de linhas de código embarcado e que foi desenvolvido com tecnologias Rational da IBM. Um texto interessante sobre o projeto pode ser lido aqui. Um automóvel moderno está cada vez mais próximo de ser um data center móvel e as montadoras já estão transformando seu DNA para criar “software centric platforms” e não apenas automóveis. Entretanto, essa imensa massa de sistemas e códigos ainda não aparece nas estatísticas dos analistas da indústria de TI. Eles continuam olhando apenas os setores de TI para medir o uso da tecnologia.
O fato é que Internet das Coisas ou Internet of Things (IoT) está deixando de ser periferia para se encaixar no mainstream das corporações. As tecnologias que envolvem automação industrial, sensores e controles estão se tornando cada vez mais complexos e demandando modelos de arquitetura de sistemas e processos de desenvolvimento e gestão típicos da TI tradicional. Nos próximos anos veremos uma crescente integração da chamada tecnologia operacional (TO, como estes sensores) com a TI, principalmente porque praticamente tudo estará conectado. A junção da Internet das pessoas com a Internet das coisas nos levará a Internet do tudo, a Internet of Everything.
Os objetos, dispondo de inteligência (leia-se software) passam a ser extensões das estratégias de mobilidade das empresas, abrindo espaço para criar novos processos e mesmo novos modelos de negócio. O objeto móvel conectado não precisa ser um smartphone ou um tablet, mas pode ser um automóvel ou mesmo uma turbina de uma aeronave. Um automóvel, por exemplo, que esteja conectado à rede da empresa permite criar novos modelos de interação com seu proprietário (cliente), que vão da interação no apoio à emergências e capacidade de efetuar manutenção preditiva, à criação de planos de seguros baseados no comportamento e hábitos de direção, obtidos em tempo real.
Analisando os comentários acima, vemos uma clara integração entre IoT e o conceito de Big Data. Este pode ser um dos elos entre o mundo da IoT e a área de TI. A maioria dos CIOs ainda olha a IoT como coisa da engenharia e não de sua responsabilidade. Mas, a intercessão entre a IoT e o Big Data abre espaço para esta integração. Os objetos, na sua operação normal, estão gerando dados continuamente. Estes objetos são os mais variados possíveis: sensores, câmeras de vídeo, veículos, aparelhos médicos, etc. Ora, se os analisarmos mais profundamente com tecnologias de Big Data podemos gerar novas fontes de informação, gerando mais valor agregado para as nossas empresas e nossos clientes. Imaginem por exemplo, um hospital com todos os objetos e pessoas conectados. Pessoas são médicos, pacientes e pessoal de apoio. Objetos podem variar de ambulâncias que chegam a equipamentos cirúrgicos e material médico. Um hospital conectando tudo isso se torna muito mais inteligente e eficiente.
Uma cadeia logística pode se tornar muito mais eficiente se a informação sobre os objetos não parar na entrega deste objeto na gôndola do supermercado, mas for obtida até seu consumo final pelo cliente em sua casa e eventualmente mesmo após, no seu descarte.
Uma cidade pode se tornar uma Smarter City se usar as informações geradas pelos seus cidadãos e sensores que meçam tráfego, câmeras de vídeo etc., para tomar decisões e agir de forma muito mais rápida a situações anormais. Pode gerenciar melhor o ativo que faz a cidade operar, como canos, redes elétricas, semáforos etc., de forma remota e muito mais eficiente. E, principalmente, gerar valor para os cidadãos. É interessante, mas a geração de valor para os cidadãos nem sempre aparece nas discussões sobre Smarter Cities, que se concentram em aumento da produtividade e redução de custos do setor operacional da cidade, mas sem engajamento ativo da sociedade, a cidade não se torna realmente inteligente!
Entretanto, existem desafios pela frente. Temos a questão da segurança. Estes equipamentos, antes isolados, agora estão conectados. Cada automóvel Volt da GM tem seu próprio endereço IP. Isto abre espaço para eventuais riscos de segurança cibernética. A IoT, portanto, deve se encaixar na política de segurança da corporação. Não pode mais ser ignorada, pois passa a estar integrada ativamente à rede de computação da companhia.
Outro desafio é que os volumes que certos equipamentos, como aeronaves geram é imenso. Um 787 pode gerar meio terabyte de dados por voo. Além disso, equipamentos que geram por si poucos dados, como os smart meters (medidores de energia elétrica inteligentes), mas quando agrupados em grande número geram um volume de dados muito grande. Fazer análises e simulações destes dados demanda uma capacidade computacional que provavelmente só será justificada se usada sob demanda, ou seja, em nuvens públicas.
Realmente, não dá para falar em IoT sem vermos sua integração com Big Data, com estratégia de Mobilidade e com Cloud Computing. Portanto, IoT deve começar a aparecer na tela de radar dos CIOs. E não é futurologia. Está se tornando presente muito rapidamente.