Veremos outro Salesforce?Este post tem um
significado importante. É o de numero 400! Vamos agora em busca do 500!! Em dos inúmeros
eventos de Cloud Computing, o CEO de uma pequena empresa de software brasileira
me perguntou se existiria possibilidade de outro negócio (e porque não o dele?)
alcançar um sucesso similar ao Salesforce. Pergunta interessante. Claro, que se
eu soubesse a resposta, ela valeria alguns milhões de dólares. Mas a conversa
fluiu e discutimos os principais aspectos, que no meu entender, foram a razão
de sucesso do Salesfoce. Antes de mais nada,
lembrei que o modelo SaaS está em franca expansão. Segundo o próprio Gartner,
em 2011, 25% dos novos softwares de negócio serão entregues como SaaS. Este
modelo, abre, sem sombra de dúvidas espaço para novos ISVs entrarem no mercado.
Mas, quais foram as
condições que permitiram o Salesforce decolar? Na minha opinião o principal
impulsionador foi o momento do mercado. As empresas estavam insatisfeitas com
os modelos de entrega de softwares de Sales Force Automation (SFA) e CRM. Os
custos de upgrade, obrigatórios e impostos pelos fornecedores, chegavam a mais
de 30% dos custos iniciais de aquisição e implementação. Além disso, a
aquisição de diversas empresas de CRM e SFA pela Oracle acabou quase que monopolizando
o mercado. Os custos de serviços de implementação também estavam assustadoramente
altos. Algumas experiências apontavam que para cada dólar gasto no software
outros cinco eram gastos em serviços. E, para fechar a conta, os provedores
dominantes, Oracle à frente, não entenderam o que era o modelo SaaS e
simplesmente ignoraram o movimento. Ora, as condições de mercado criam
oportunidades que um novo entrante pode explorar. A alternativa proposta pelo
Salesforce chegou na hora certa. O Salesforce hoje já tem receita de mais de um
bilhão de dólares e é um negócio consolidado. Mas, identificar que
o momento do mercado é propício é uma coisa. Explorá-lo de forma adequada é
outra. Para mim, os fatores críticos de sucesso do Salesforce e que podem ser
copiados por outras empresas que queiram entrar no mundo SaaS são: Investimento
na operação. Hospedar uma aplicação SaaS significa que você tem que garantir
que a operação dos seus clientes não sofra interrupções. Na modalidade concencional
(venda de licenças), se o cliente não implementar uma política de recuperação
de desastres não é culpa sua. Voce simplesmente forneceu o software. Mas na
modalidade SaaS a responsabilidade é toda sua. Isto significa investir em data
centers seus ou de parceiros bem preparados para garantir a disponibilidade e oferecer
facilidade para rápida recuperação em caso de descontinuidades operacionais. Escalabilidade
e elasticidade. O provedor de SaaS tem ter oferecer recursos computacionais que
permitam um rápido crescimento (ou até diminuição, daí a elasticidade) das
demandas de recursos computacionais. Se o seu cliente adquirir uma nova empresa
e neste processo inserir mais 500 usuários, eles deverão ser acomodados de um
dia para o outro. Funcionalidade.
Não adianta nada oferecer uma alternativa mais barata em termos de modelos de
negócio se o software não atender às necessidades dos usuários. As
funcionalidades embarcadas devem ser no mínimo iguais às das alternativas
convencionais. Foco
no modelo SaaS. O Salesforce é 100% voltado ao modelo SaaS. Na minha opinião
ter alternativas híbridas pode gerar confusão no cliente e até mesmo desavenças
e competições “desleais” entre as próprias equipes de vendas do provedor. Aplicações
que demandam pouca integração com sistemas legados. Um sistema de CRM ou SFA
não demanda muita integração com sistemas legados, o que facilita sua
implementação em ambientes externos. Mas, e a
sustentabilidade da operação? O modelo SaaS baixa as barreiras de entrada para
novos ISVs e surge o fenômeno do “churn rate”, que é a taxa de desconexão de
clientes. Comum na telefonia celular e que pode vir a acontecer no mercado
SaaS. O que significa um “churn rate” elevado? Imaginemos uma taxa de
desconexão de 10% ao ano, em uma base de 100.000 usuários. Significa que apenas
para se manter no mesmo lugar a empresa precisa adquirir 10.000 novos usuários
por ano. Aliás, este fenômeno
já foi identificado em algumas empresas, como um relatório de uma empresa de
investimentos que analisou os resultados de uma empresa SaaS. A análise mostrou
que apesar do anúncio da aquisição de novos clientes, no final do ano, o
relatório da empresa para os acionistas mostrava que ela estava no mesmo lugar
em número de usuários. Outra estratégia a
ser pensada. A Salesforce investiu na expansão de seu ecossistema, criando uma
plataforma (Pla Mas, voltando a
pergunta original...Se as condições do mercado em que a empresa de meu amigo
CEO atua forem favoráveis, porque não adotar uma estratégia baseada em SaaS?
Que condições são estas? Abundância de usuarios insatisfeitos com o atual
modelo de aquisição e implementação de software, poucas opções de escolha
(poucos provedores confiáveis) e falta de visão SaaS destes provedores. Se
estas condiõçes existirem, vejo boas oportunidades de entrar forte no SaaS, mas
lembrei a ele que precisa, no minimo, considerar os fatores críticos de sucesso
que fizeram a Salesforce chegar onde chegou. Para mim está claro
que a sustentabilidade do modelo e dos atores SaaS já existentes não está mais
em questão. A questão agora é saber a sustentabilidade futura das empresas
tradicionais de software que não tem uma estratégia SaaS. Bem, a propósito,
este post também está publicado no meu blog www. |