Inovações tecnológicas e o trabalho dos ISVs – Parte 3: Big Data / Business AnalyticsEste é o terceiro e último post da série que aborda perspectivas futuras para empresas de software. Com a revolução digital estamos diante da possibilidade de analisar um volume inédito de dados digitais, o fenômeno chamado Big Data, que para as empresas provavelmente terá um impacto tão grande em seus processos de negócio e decisão quanto à popularização da Internet. As informações vêm de todos os cantos. Vem dos mais de 600 milhões de web sites, vem dos 100 mil tuites por minuto, dos compartilhamentos de mais de um bilhão de usuários do Facebook que geram pelo menos 2,7 bilhões de comentários diariamente, dos sensores e câmeras espalhadas pelas cidades monitorando o trânsito e a segurança pública, do um bilhão de smartphones... É um número crescente. Estima-se que, dos 1,8 zetabytes que serão gerados em 2012, pularemos para 7,9 zetabytes em 2015. Em resumo, estamos diante de uma verdadeira avalanche de informações. A
Gerenciar um negócio apenas na base de planilhas é manter a empresa sob um gerenciamento primitivo. Uma gestão por Excel não atende à complexidade e velocidade que as decisões em mundo cada vez mais complexo exigem. Os usuários estão móveis, com poderosos computadores de bolso como smartphones e tablets, as informações estão sendo processadas em nuvem e todo este aparato pode ser desperdiçado se não houver tecnologias que permitam levar informações analisadas para a ponta. Como os ISVs devem se posicionar diante deste desafio e oportunidade? Acoplando soluções de BA em seus produtos melhoram sensivelmente a experiência dos seus usuários, agregando valor. Um ERP, por exemplo, não trata mais que 30% a 40% dos dados que são necessarios à tomada de decisões empresariais e muito menos consegue atuar de forma preditiva. O resultado é que com BA os ISVs conseguem ascender na cadeia de valor dos seus clientes, tornando-se mais importantes para eles. Mas para adotar BA, algumas decisões estatégicas devem ser tomadas. Uma é desenvolver por si um sistema de BA. Não me parece uma boa ideia, pois a curva evolutiva desta tecnologia aponta para evoluções significativas nos próximos anos como maior ênfase em análises preditivas e interfaces via linguagem natural. Isto demanda um investimento muito elevado em P&D e dificilmente uma empresa de software de médio porte conseguirá se manter competitiva diante dos grandes atores envolvidos nesta indústria. Outra hipótese e acredito a mais sensata é acoplar seu produto a uma tecnologia de mercado, como o Cognos e o SPSS da IBM. Aliás, recomendo acessar www.ibm.com/bao e navegar pelas diversas soluções da IBM chamadas de Smarter Analytics. Além disso, as diversas alternativas existentes hoje permitem, inclusive, oferecer este serviço de análise de dados via SaaS e não como software instalado no cliente. Uma boa oportunidade de um novo negócio a ser explorado. Na prática, soluções deste tipo permitem a empresas de software de porte médio, que podemos chamar de tier 2 oferecerem funcionalidades tier 1, com proposição de valor (leia-se preços) ainda de tier 2. Para os ISVs focados em segmentos verticalizados, as funcionalidades de BA podem ser um grande diferenciador. Por exemplo, na área de saúde agregando valor ao seu produto para facilitar a deteção de fraudes, que dificilmente são obtidas analisando-se apenas os relatórios e planilhas derivadas do ERP. Para varejo, criar condições de melhorar o mix de vendas. Um exemplo interessante de quão sério é a tecnologia foi a aquisição pela Walmart de um startup chamada Kosmix em 2011. A proposta desta tecnologia é detectar pela localização dos celulares dos clientes, o número de pessoas em cada loja e com essa informação os estoques das unidades que estão com vendas mais baixas são enviados para as que estão vendendo mais. Sugiro inclusive acessar o Walmart Labs para termos uma ideia do que grandes varejistas estão investindo em tecnologias que agregam business analytics e o fator social ao e-commerce. Outro exemplo é a empresa brasileira IDXP, ganhadora do programa de empreendedorismo Smart Camp da IBM, em 2012, com uma solução voltada a análise em tempo real do comportamento do cliente na loja. Indiscutivelmente que BA é um passo importante para os ISVs, ao mesmo tempo em que mobilidade, social media e cloud computing também são. Mas, a decisão não é entrar ou não neste novo mundo, mas como e em qual velocidade entrar. Afinal exige investimentos, mudanças culturais, novas expertises e também novos direcionamentos estratégicos. É um desafio e tanto, mas essencial para a sobrevivência das empresas de software. |