Segunda feira passada tive a oportunidade de fazer a aula inaugural do curso de pós-graduação em mainframes, na UniverCidade, no Rio de Janeiro.
Até há algum tempo atrás, quem trabalhava com mainframes era visto como um dinossauro. Aliás, eu também sou um dinossauro da família dos informaticossauros, pois comecei minha carreira no /360 e o meu primeiro programa foi escrito em Cobol. O segundo foi em Assembler (e os meus colegas dinossauros talvez ainda se lembrem do livro de cabeceira da época, o Principles of Operation e sua sopa de siglas, como PSW, CCW, TLB e outras).
Mas o mainframe vem resistindo ao tempo e com sucessivas inovações acontecendo constantemente. Por exemplo, existe um projeto de um gameframe, ou um mainframe híbrido, integrado com o processador Cell Broadband Engine (Cell/BE). Este gameframe será especialmente talhado para aplicações de simulações e “virtual worlds” , sejam estes games MMOG (Massive Multiplayer Online Game), como o Taikidom (www.taikodom.com.br) da brasileira Hoplon (www.hoplon.com.br ) ou plataformas para social-networking como o Second Life e outros.
Outra novidade? Que tal o OpenSolaris em mainframes? Sim, já começa a rolar...Uma empresa chamada Sine Nomine Associates já está trabalhando em um projeto para portar este sistema para esta máquina. Vejam http://sinenomine.net/sites/default/files/L04-OpenSolariszSeries.pdf.
Querem mais? Que tal Java no mainframe? A IBM, depois do sucesso do processador especializado IFL (Integrated for Linux) acoplado ao processadores dos mainframes lançou um outro processador, desta vez voltado a consolidar workloads Java nestas máquinas. Este processador chama-se zAAP (System z Application Assist Processor). Este processador (podem ter vários no mesmo computador) opera de forma assíncrona com os processdores comuns de uso geral, e executam código dos programas Java. Com isso, reduz-se a carga nestes processadores de uso geral, liberando ciclos de CPU para outros aplicativos. E, chamo a atenção, os processos Java rodam no zAAP sem precisar de nenhuma modificação.
Na palestra mostrei que um dos principais obstáculos para uma maior disseminação do mainframe é exatamente a percepção errônea que é um sistema obsoleto. E que pouca gente usa...
Mas, alguns números nos mostram outro cenário: existem 10.000 mainframes em operação no mundo inteiro, com uma capacidade instalada de mais de 11 milhões de MIPS. Para se ter uma comparação em 2000 haviam 3,5 milhões de MIPS instalados e cerca de 9 milhões em fins de 2005. Ou seja, em menos de dois anos, mais de 2 milhões de MIPS foram instalados! Olhando-se por outro prisma, multiplicou-se por mais de três a base instalada de MIPS em apenas sete anos.... Interessante que no ano passado, já haviam sido instalados cerca de 1.2 milhões de MIPS nos processadores IFL, rodando Linux. Na prática, cerca de 25% dos MIPS vendidos hoje o são para Linux. Estes dados mostram de forma inequívoca que o mainframe continua firme.
E para os próximos anos? O lançamento da nova linha de máquinas z10 (vejam em http://www-03.ibm.com/systems/z/news/announcement/20080226_annc.html) e a nova política industrial brasileira, apoiando fortemente a exportação de software, deverá aumentar em muito a demanda por profissionais capacitados em mainframes, pelo maior número de projetos off-shoring que deverão surgir..
Ok, querem mais informações? Vejam http://www.mainframe.typepad.com/ para terem acesso a blogs que debatem mainframes, http://www-306.ibm.com/software/os/systemz/en_US/index.html para acessarem o site da IBM sobre softwares de mainframe, e http://www.ibmsystemsmag.com/mainframe/ para lerem uma revista eletrônica sobre mainframes.
